NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O USO DE CONSERVANTES NAS SOLUÇÕES DE FLORAIS - CONAFLOR

O  CONAFLOR  foi  recentemente  procurado  pelas  associações  de  Terapeutas  Florais, buscando  esclarecimentos  sobre  o  uso  de  conservantes  no  preparo  de  essências  florais  de uso.  Consideramos  esse  tema  bastante  importante,  exigindo  fundamentação  e  grande responsabilidade,  para  que  o  consumo  das  essências  seja  feito  com  segurança. Como  sabemos,  Bach  escolheu  brandy  para  a  função  de  conservante,  por  ser  um  conhaque de  uvas,  o  que  também  foi  adotado  pelos  seus  seguidores.  A  proporção  indicada  por  ele para  o  preparo  da  essência  mãe  foi  de  1:1  na  relação  de  brandy  x  água.  Já,  para  solução  de uso,  disponibilizadas  normalmente  em  frascos  de  30  ml,  o  percentual  apontado  ficou  na faixa  de  10  a  30%  de  brandy,  sendo  adicionadas  2  gts  da  solução  estoque  de  cada  essência  e 4  gotas  no  caso  das  fórmulas. Nessa  proporção,  considerando  que  o  brandy  tem,  em  média,  teor  alcoólico  de  40%,  no frasco  de  30ml  de  fórmula  de  uso,  com  30%  de  brandy,  serão  encontrados  cerca  de  3,6  ml de  álcool.  Como  cada  gota  equivale  a  0,05  ml,  na  solução  à  30%  teremos  0,02  ml  de  álcool. Na  dose  diária  de  4  gotas  4  vezes  ao  dia,  o  consumo  será  de  16  gts  de  solução,  equivalendo  a 2  gotas  de  álcool  por  dia,  o  que  é  considerada  uma  quantidade  inexpressiva  para  nosso metabolismo.  Apesar  de  irrisória  essa  quantidade  pode  ser  percebida  pelo  paladar,  o  que nos  leva  a  sugerir  que  a  solução  de  uso  seja  gotejada  em  um  pouco  d’água,  especialmente no  caso  das  crianças,  evitando  o  aguçar  do  paladar  para  o  sabor  alcoólico.   Essa  quantidade  não  causa  qualquer  desconforto,  não  interferindo  nas  atividades  da  vida diária  ou  no  teste  do  bafômetro,  sendo  absorvida  em  questão  de  minutos,  quando  pingada diretamente  na  boca. Quando  existe  restrição  total  ou  preferência  do  consumidor,  são  encontradas  algumas alternativas,  que  garantem  a  conservação  da  solução  de  uso,  sem  qualquer  dano  à  saúde.  As mais  usuais  são  o  vinagre  de  maçã  e  a  glicerina  vegetal.  O  vinagre  de  maçã  é  uma  opção menos  procurada  em  virtude  do  forte  sabor  ácido,  pouco  tolerado  pela  maioria  das  pessoas. Já  a  glicerina  vegetal  tem  tido  grande  aceitação,  em  especial  para  as  crianças.  Entretanto, muito  recentemente,  foram  lançadas  algumas  dúvidas  sobre  a  segurança  do  seu  uso.  Na descrição  química  (IUPAC,  1993),  a  glicerina  é  um  composto  orgânico,  xaroposo,  viscoso, transparente,  doce  e  praticamente  inodoro,  de  sabor  adocicado.  Não  volatiliza  em  soluções aquosas  diluídas,  mas  quando  em  concentrações  acima  de  70%  passa  à  forma  de  vapor  no ponto  de  ebulição  da  água.  É  uma  substância  higroscópica,  daí  ser  mantido  em  recipiente fechado. É  solúvel  em  água  em  todas  as  proporções. A  glicerina  pode  ser  obtida  sinteticamente  a  partir  de  substâncias  petroquímicas,  ou  a  partir de  uma  reação  de  transesterificação  de  gorduras  de  origem  vegetal.   O  termo  glicerina refere-se  ao  produto  na  forma  comercial,  com  pureza  acima  de  95%.  O  nome  científico  é glicerol,  o  qual  está  presente  nos  óleos  e  gorduras  de  origem  animal  e  vegetal,  fazendo  parte das  membranas  celulares,  na  forma  de  fosfolipídios.  O  glicerol  é  obtido  também  na fermentação  dos  açúcares.  É  amplamente  usado  na  indústria  cosmética,  de  medicamentos  e alimentos.  O  glicerol  é  considerado  como  seguro  para  consumo  humano  desde  1959, podendo  ser  usado  em  diversos  produtos  alimentícios  e  farmacêuticos.  (BATISTUZZO, 2011) A  glicerina  é    usada  desde  a  antiguidade,  sendo  incluída  como  excipiente  em  diversas formulações  de  uso  tópico  e  oral,  devido  às  suas  características  edulcorantes  e  umectantes quando  em  contato  com  as  mucosas.  Em  concentração  acima  de  20%  tem  também propriedades  preservantes.  Verificou-se  que  a  glicerina  é  absorvida  pelo  intestino  e metabolizada  em  glicogênio  (glicose).  Entretanto,  não  se  verificou  restrição  do  uso  em pequenas  concentrações  para  diabéticos  ou  observou-se  toxicidade  em  pequenas  doses. Em  medicamentos,  além  do  seu  uso  como  veículo,  é  utilizada  no  controle  de  glaucoma (aumento  da  pressão  intraocular).  Administrado  por  via  retal,  como  supositório,  exerce  um efeito  laxante.  Também  é  utilizado  na  forma  de  enemas  para  lavagem  intestinal.  Em  estudos que  foram  realizados  para  o  seu  uso  no  controle  de  glaucoma  foram  observadas  algumas reações  adversas  em  alguns  dos  pacientes:  cefaleia,  náuseas,  vômitos.  A  dosagem  utilizada nestes  estudos  foi  de  1,5g/kg  corporal.  Para  uma  pessoa  de  70kg,  105g  de  glicerina  ou  83,3 ml  de  glicerina  (a  densidade  da  glicerina  é  de  1,26g/cm3). No  caso  específico  dos  florais,  em  um  frasco  de  30  ml,  numa  solução  a  50%,  teremos  15ml de  glicerina,  que  equivalem  a  18,5g.  Caso  uma  pessoa  de  70kg  ingira  todo  o  conteúdo  deste frasco  de  uma  única  vez,  isto  irá  corresponder  a  0,26g/kg  corporal.  Muito  distante  da dosagem  que  pode  apresentar  algumas  reações  adversas  em  algumas  pessoas.  Se  uma pessoa  ingerir  a  dosagem  padrão  de  4  gotas  4  vezes  ao  dia  (16gt/dia)  de  floral,  ela  estará ingerindo  8  gotas  de  glicerina  por  dia,  o  que  podemos  considerar  como  uma  quantidade também  insignificante,  como  no  caso  do  brandy.  O  uso  de  glicerina  no  preparo  de  florais  já ocorre  há  vários  anos,  sem  relatos  de  reações  adversas.  Nas  fórmulas  florais  é  indicada  a glicerina  vegetal,  sempre  observando  o  grau  de  pureza  adequado  para  a  ingestão  do produto. 
Vale  destacar  que  quando  falamos  de  toxicidade  de  uma  substância  ou  de  reações  adversas, a  quantidade  é  fator  determinante,  tanto  para  o  álcool  presente  no  brandy,  quanto  para  a glicerina  ou  qualquer  outra  substância. Neste  sentido,  consideramos  o  uso  do  brandy  e  da  glicerina  vegetal  no  preparo  da  solução de  uso  de  florais,  seguro  e  eficiente,  não  havendo  registros  de  restrição  para  consumo  de qualquer  um  dos  dois  produtos  nas  quantidades  indicadas. Observamos  ainda  que  o  uso  da  glicerina  na  fórmula  de  uso  não  tem  como  finalidade saborizar  a  solução,  mas  sim  promover  a  conservação  do  produto,  estendendo  seu  prazo  de validade. DIRETORIA  DO CONAFLOR 

REFERÊNCIAS 
BATISTUZZO,  J.A;  ITAYA,  M;  ETO,  Y.  -  Formulário  Médico-Farmacêutico.  São  Paulo/SP: Tecnopress, 4ª  Ed.  2011 BEATRIZ,  A.;  ARAUJO,  Y.  J.  K;  LIMA,  D.  P.  -  Glicerol:  um  breve  histórico  e  aplicação  em sínteses  estereosseletivas.  Quím.  Nova,  SP,  v.  34,  n.  2,  p.306-3  19,  2011. 
Disponível:  http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010040422011000200025&lng=en&nrm=iso. Acesso  em:  24  nov.  2019.   
FERREIRA,  A.  de  O.  et  al.  -  Guia  Prático  da  Farmácia  Magistral.  5.  ed.  Juiz  de  Fora:  Editar, 2018. v.   1. 
GIL,  E.;  BRANDÃO,  A.  L.  -  Excipientes:  suas  aplicações  e  controle  físico-químico.  2.  ed.  São Paulo:  Pharmabooks, 2007.     
ORÉFICE,  F.  -  Alguns  aspectos  clínicos  e  laboratoriais  do  glicerol  oral.  Arquivos  Brasileiros  de Oftalmologia,  v.  42,  n.1,  p.  16-38,  1979.  Disponível  em:https://sistemacbo.com/abo/exportpdf/4296/v42n1a05.pdf.  Acesso  em:  24  nov.  2019. 

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